ABERTURA, MANUTENÇÃO E FECHAMENTO DA CASA DE SAÚDE SANTA TERESA: TRAJETÓRIA MANICOMIAL DO CARIRI CEARENSE
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p28-53Palavras-chave:
, Hospital psiquiátrico, Reforma Psiquiátrica, Saúde Mental.Resumo
A história da loucura no Brasil é indissociável da história dos hospitais psiquiátricos, uma vez que a organização das cidades e sua higiene, pautadas nos moldes franceses do século XIX, dependiam dessas instituições para a manutenção da ordem social. A região do Cariri cearense contou com a existência de um hospital psiquiátrico (Casa de Saúde Santa Teresa) que funcionou a partir da década de 1970. Sua inauguração não foi uma aleatoriedade, mas fruto de formações discursivas específicas e relações de saber e poder que constituíram o alicerce para que o hospital abrisse suas portas na região, bem como para se manter em funcionamento até os dias atuais. A Casa de Saúde Santa Teresa foi uma instituição privada, credenciada inicialmente ao Instituto Nacional de Previdência Social e posteriormente ao SUS, recebendo financiamento público. Sua localização geográfica favoreceu o atendimento às pessoas da região do sul do Ceará, mas também do interior dos estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí. Até fechar contou com 200 leitos cadastrados ao SUS, atendeu em regime ambulatorial e de internamento para uma média de 400 pessoas/mês. Apesar do intenso fluxo de atendimentos e se tratar da única referência para atendimentos de urgência, emergência e para situações de crise, o hospital encerrou seus anos de funcionamento em fevereiro de 2016. Segundo dados da Casa de Saúde, não havia aumento no valor das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) desde o ano de 2009, o que tornava inviável a manutenção e funcionamento do hospital.
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