A METODOLOGIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO RADICALIZADA ÀS DROGAS PROSCRITAS: PROPOSIÇÕES ÉTICAS E BIOPOTÊNCIAS.

Autores

  • Daniel Fernando Fischer Lomonaco Universidade Federal de Santa Catarina
  • Altieres Edemar Frei Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p92-120

Palavras-chave:

Saúde Mental. Direitos Humanos. Dispositivo das drogas

Resumo

Procuramos neste artigo postular, à luz do conceito de biopolítica, a potência das aplicações das estratégias de Gestão Autônoma da Medicação radicalizadas às drogas proscritas, enquanto estratégias de garantia de diretos, de acesso à cidadania e de cuidado aos usuários de drogas em tempos extremos da execução da Reforma Psiquiátrica no Brasil - especialmente considerando seu atraso histórico em posicionar-se de forma crítica à Guerra às Drogas. Para isto, trazemos a noção de dispositivo-droga a partir de sua formulação por alguns autores estratégicos, inferindo sobre como a fabricação do vício e da imposição das demandas para tratamento em usuários de substâncias psicoativas é fomentada pelos discursos hegemônicos.

 

Biografia do Autor

Daniel Fernando Fischer Lomonaco, Universidade Federal de Santa Catarina

Fomado em psicologia pela PUC-SP, atualmente mestrando no Programa de Pós-Graduação da UFSC.

Altieres Edemar Frei, Universidade de São Paulo

Mestre em Psicologia Clínica pela PUCSP, doutorando pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo sob orientação de Rubens Adorno com pesquisa em curso sobre “Reinserções, Inserções e Deserções: Cartografias do Dispositivo (re)inserção social para adolescentes com histórico de uso abusivo de álcool e outras drogas”

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Publicado

2019-06-28

Como Citar

Fischer Lomonaco, D. F., & Frei, A. E. (2019). A METODOLOGIA DA GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO RADICALIZADA ÀS DROGAS PROSCRITAS: PROPOSIÇÕES ÉTICAS E BIOPOTÊNCIAS. Cadernos Do CEAS: Revista crítica De Humanidades, (246), 92–120. https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p92-120

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