GÊNERO E DEMOCRACIA: PROCESSO DE ITERAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DE ESFERA PÚBLICA NAS DISCUSSÕES DAS AÇÕES CONSULARES DE GÊNERO NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n247.p341-370Palavras-chave:
Gênero. Democracia. Política consular brasileira.Resumo
O artigo apresenta os resultados da análise de conferências entre a comunidade brasileira no exterior e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) a respeito do aprimoramento das ações ligadas à perspectiva de gênero para a assistência consular. Na síntese do processo dialógico entre as partes, importante espaço para a construção de ação consulares no século XXI, o fenômeno envolve tanto a própria conceituação do que é gênero, a trajetória da política feminista internacional e nacional que resultou na criação de instrumento prático e teórico de implementação da perspectiva em organismos – conhecido como gender mainstreaming – e os processos iterativos dentro da constituição de uma esfera pública. Como principais conclusões, o processo de abertura democrática e a composição de uma ponte de diálogo fez o Itamaraty estar mais ciente da extensão do seu próprio alcance na comunidade brasileira e a importância da participação das associações locais. Além disso, valores e práticas do instrumento feminista internacional não somente são usados como vocabulário do MRE, mas também como parte de barganha da comunidade brasileira que se une com a intenção de sintetizar uma narrativa comum do que é ser uma mulher brasileira emigrante.
Referências
ASSIS, Gláucia de Oliveira; SIQUEIRA, Sueli. Mulheres emigrantes e a Configuração de Redes Sociais: Construindo Conexões entre o Brasil e os Estados Unidos. Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana (REMHU), vol. 17, núm 32. Pp 25-46. Brasília. 2009.
ASSIS, Glaucia de Oliveira; FONSECA, Maria do Carmo; SIQUEIRA, Sueli. Negociações de gênero em situações de uniões transnacionais. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 Women’s Worlds Congress . Anais Eletrônicos..., Florianópolis, 2017.
BADEN, Sally; GOETZ, Anne Marie. Who Needs [Sex] When You Have [Gender]? Conflicting Discourses on Gender at Beijing. Feminist Review, nº 56, Summer, p 3-25. 1997
BENHABIB, Seyla. Situating the Self: Gender, Community and Postmodernism in Contemporary Ethics. Polity Press. 1992.
BENHABIB, Seyla. Sexual Difference and Collective Identities: The New Global Constellation. Signs, vol 24, n. 2, p. 335-361, 1999.
BENHABIB, Seyla. The Claims of Culture: Equality and Diversity in The Global Era. Princeton University Press. 2002
BENHABIB, Seyla. Another Cosmopolitanism. Oxford University Press. 2006.
BENHABIB, Seyla. The Rights of Others: Aliens, Residents and Citizens. Cambridge University Press. 2004.
BERTAUX, Daniel. Destins personnels et structure de classe. Vêndome. Presses Universitaires de France. 1977.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. 6a ed., trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. Nova Iorque e Londres: Routledge. 1990.
BUTLER, Judith. Undoing Gender. Nova Iorque e Londres: Routledge. 2004.
CHARLESWORTH, Hilary. Not Waving But Drowning: Gender mainstreaming and
Human Rights in the United Nations. Harvard Human Rights Journal, v. 18, [página], 2005.
CHARLESWORTH, Hilary; CHINKINE, Christine. The Creation of UN Women. Centre for International Governance and Justice. RegNet Research Paper, n.7, [S. página], 2013.
CONVENÇÃO Interamericana de Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher. 9 de junho de 1994. Disponível em <http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/a-61.htm>. Acesso em: 12 abr. 2019.
COUNCIL OF EUROPE. Gender mainstreaming Conceptual framework, methodology and presentation of good practices. Directorate General of Human Rights. Strasbourg. 2004. Disponível em: <https://rm.coe.int/CoERMPublicCommonSearchServices/DisplayDCTMContent?documentId=0900001680595887> . Acesso em: 10 set. 2019.
CEDAW. Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher = Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women. 18 de dezembro de 1979. Disponível em: <https://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/text/econvention.htm>. Acesso em: 12 abr. 2019.
CYFER, Ingrid. A tensão entre modernidade e pós-modernidade na crítica à exclusão no feminismo. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2009.
DECLARAÇÃO da Eliminação da Violência contra as Mulheres = Declaration on the Elimination of Violence against Women, DEVAW. 20 de dezembro de 1993. Disponível em < https://www.un.org/documents/ga/res/48/a48r104.htm>. Acesso em: 12 abr. 2019
ECOSOC. Resolution 1997/2. Chapter IV. 1997. Disponível em: <https://www.un.org/womenwatch/osagi/pdf/ECOSOCAC1997.2.PDF>. Último acesso em 20 de maio de 2019
FIRMEZA, George Torquato. Brasileiros no Exterior. Brasília: FUNAG, 2007
FLAX, Jane. Postmodernism and Gender Relations in Feminist Theory. Signs, v. 12, n. 4, Within and Without: Women, Gender, and Theory, p. 621-643, 1987.
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira – PARTE 1/6. 2015ª. (5h14m40s). Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=91cyP_exJnQ&list=PLQyY4aSw9fGvoTgSE4hQ3b1dk-ZdGgFr6>. Último acesso em 15 de abril de 2019.
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira – PARTE 2/6. 2015b. (4h11m44s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=WMA1igw7Hqo>. Acesso em: 15 abr. 2019.
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira – PARTE 3/6. 2015c. (6h26m29s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=owyRtJn_Zco&t=11031s>. Acesso em: 15 abr. de 2019.
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira – PARTE 5/6. 2015d. (5h21m25s). Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=PajDMi3gUVE>. Acesso em 15 de abril de 2019.
FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira – PARTE 6/6. 2015e. (3h42m02s). Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=8yLZ03WwifY>. Último acesso em 15 de abril de 2019.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social. São Paulo. v. 26 n. 1. 2014
HUNTER, Rosemary (ed). Rethinking Equality Projects in Law. Oñati Internat Series in Law and Society. Hart Publishing. Oxford and Portland, Oregon. 2008.
IBGE. Censo Demográfico 2010: Características da População e dos Domicílios, Resultados do Universo. Rio de Janeiro, 2011.
JOHNSON, Allan G. The Gender Knot – Unraveling our Patriarchal Legacy. Filadélfia, Temple University Press. 1997.
KECK, M; SIKKINK, K. Activists beyond Borders: Advocacy Networks in International Politics. Ithaca: Cornell. 1998.
LABRECQUE, Marie France. Transversalização da Perspectiva de Gênero ou Instrumentalização das Mulheres? Universidade Laval. Estudos Feministas, n.16, v. 3, p. 336, set. – dez. 2010.
LAFER, Celso. Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia Brasileira: Pensamento e Ação. Volume 2. Fundação Alexandre de Gusmão. Brasília. 2018.
MAIA, Oto Agripino. Brasileiros no Mundo: O ambiente mundial das migrações e a ação governamental brasileira de assistência a seus nacionais no exterior. In: I CONFERÊNCIA SOBRE AS COMUNIDADES BRASILEIRAS NO EXTERIOR – BRASILEIROS NO MUNDO. Anais..., Brasília: Funag, 2008.
MASSEY et all. Population and Development Review. Vol. 19, No. Setembro. 1993
BRASIL. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Manual do Serviço Consular e Jurídico (MSCJ). Brasília, 05 de agosto de 2010.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira: Documentos de Base. Anais..., Brasília. 2015.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Estimativas populacionais das comunidades brasileiras no exterior. Brasília: 2015. Disponível em <http://www.brasileirosnomundo.itamaraty.gov.br/a-comunidade/estimativas-populacionais-das-comunidades/estimativas-populacionais-brasileiras-mundo 2014/Estimativas-RCN2014.pdf>. Acesso em 15 de abril de 2019.
MOROKVASIC, Mirjana. Birds of Passage are also Women… International Migration Review, v. 18. N 4. Special Issue: Women in Migration. Pp 886-907. Winter 1984.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, v. 11, n. 2., jul-dez, p. 263-274, 2008.
PISCITELLI, Adriana et al (orgs). Gênero, sexo, amor e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo o Brasil. Pagu/Núcleo de Estudos de Gênero. Unicamp, 2011.
SAFIOTTI, Heleieth.I.B. Gênero, Patriarcado, Violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.
SARDENBERG, Cecilia; COSTA, Ana Alice. Feminisms in Contemporary Brazil: Advancements, Shortcomings, and Challenges. In: BASU, A. Cecilia Sardenberg (ed.). Women’s Movements in a Global Era: The Power of Local Feminisms. Westview Press, 2010, p.255-284.
SCOTT, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil de Análise Histórica. Educação & Realidade, v. 15, n.2, jul-dez,1990.
SCOTT, Joan. Experiência. In: DA SILVA, A.L; LAGO, M.C.S; RAMOS, T.R.O (org). Falas de Gênero. Editora Mulheres. Santa Catarina, 1999. Pp. 21-55
SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICA PARA MULHERES. Instrumentos Internacionais de Direitos das Mulheres. Brasília. 2006.
VITALE, Denise. Between deliberative and participatory democracy: a contribution on Habermas. Philosophy and Social Criticism, Boston College, Boston, MA 2006.
ZWINGEL, Suzanne. How Do Norms Travel? Theorizing International Women’s Rights in Transnational Perspective. International Studies Quartely, n. 1, v. 57 , p. 1-15, 2011.
ZWINGEL, Suzanne. Translating International Women’s Rights – The CEDAW Convention in Context. Palgrave Macmillan. 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Cadernos do CEAS: Revista Crítica de Humanidades o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que reconheça e indique a autoria e a publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer momento depois da conclusão de todo processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).