A FINANCEIRIZAÇÃO DAS CIDADES E A EMENDA CONSTITUCIONAL 95

Autores

  • Ana Beatriz Oliveira Reis Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
  • Luccas Assis Attílio Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p169-195

Palavras-chave:

Espaço Urbano. Financeirização. Neoliberalismo. Emenda Constitucional.

Resumo

Nesse artigo analisamos o impacto da EC 95 sobre a financeirização urbana da economia brasileira. Especial atenção é concedida à tendência de mercantilização das cidades, ao mesmo tempo em que direitos sociais e participação popular na formulação de políticas públicas podem ser reduzidos em decorrência do aprofundamento do neoliberalismo no Brasil. Para essa análise, adotamos a metodologia interdisciplinar recorrendo a estudos de diferentes campos. As técnicas de pesquisa utilizadas são a revisão bibliográfica e a análise quantitativa. Nossas conclusões levam a crer que a histórica desigualdade social e econômica tende a se elevar em um contexto no qual as decisões da sociedade são cada vez mais pautadas pelo valor de troca em detrimento do valor de uso, e quando a riqueza social é apropriada por poucos indivíduos do setor privado. Contradições latentes do capitalismo serão reforçadas com os desdobramentos políticos do país.

Biografia do Autor

Ana Beatriz Oliveira Reis, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

Professora Assistente de Direito do Programa de Ciências Econômicas e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), lotada no Instituto de Ciências da Sociedade (ICS). Mestra em Direito Constitucional pela Universidade Federal Fluminense (PPGDC/UFF). Tem experiência na área de Direito e Planejamento Urbano, com ênfase em Direito Urbanístico atuando principalmente com os temas direito à cidade, legislação urbanística e movimentos sociais. Associada ao Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU).

Luccas Assis Attílio, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Professor de Economia da UFOP pelo Departamento de Ciências Econômicas (DEECO). Doutorando em Teoria econômica pela USP (2019), mestre em economia pela UFMG (2014-2016) e graduado em Ciências Econômicas pela UFV (2009-2013). Realiza pesquisas na área de macroeconomia, com ênfase nos tópicos crescimento econômico, sistema financeiro e abertura econômica. Membro do corpo editorial do International Journal of Business and Economics Research (2018). Trabalhou no IBGE (2010), na FAPEMIG (2016) e no Dataviva como colunista (2016-2017).

Referências

BELLUZZO, L. G. e ALMEIDA, J. Depois da Queda: A Economia Brasileira da Crise da Dívida aos Impasses do Real. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

BOYER, R. Is a Finance-Led Growth Regime a Viable Alternative to Fordism? A Preliminary Analysis. Economy and Society, v. 29, n. 1, p. 111-145, 2000.

BRUNO, M.; DIAWARA, H.; ARAÚJO, E.; REIS, A.; RUBENS, M. Finance-Led Growth Regime no Brasil: Estatuto Teórico, Evidências Empíricas e Consequências Macroeconômicas. Texto para discussão, n. 1455, IPEA, 2009.

CASTELLS, M. A questão urbana. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 2014.

CARVALHO, F. Looking into the abyss? Brazil at the mid-2010s. Journal of Post-Keynesian Economics, v. 39, p. 93-114, 2016.

CHESNAIS, F. A Mundialização do Capital. São Paulo: Xamã, 1996.

COLLUCCI, C. Ajuste fiscal “corta a carne” dos pobres, mas deixa ricos intocados. [S.l.], 2016. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2016/10/1821863-ajuste-fiscal-corta-a-carne-dos-pobres-mas-deixa-ricos-intocados.shtml. Acesso em 12 out. 2016.

CONTRI, A. Uma Avaliação da Economia Brasileira no Governo Dilma. Indicadores Econômicos FEE, v. 41, n. 4, p. 9-20, 2014.

DIAZ-ALEJANDRO, C. F. Goodbye Financial Repression, Hello Financial Crash. Journal of Development Economics, v.19, n. 1, pp. 1-24, 1985.

DOWBOR, L. “A economia travada pelos intermediários financeiros.” In: SADER, E. (Org.). O Brasil que queremos. Laboratório de políticas públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2016.

DYMSKI, G. A. Financial Risk and Governance in the Neoliberal Era. In: CLARK, G. L, DIXON, A. D. e MONK, A. H. (Orgs.). Managing Financial Risks, From Global to Local: Oxford University Press, 2009.

ERTURK, I.; FROUD, J.; JOHAL, S.; LEAVER, A.; WILLIAMS, K. The Democratisation of Finance? Promises, Outcomes and Conditions. University of Manchester. Working Paper, n. 9, 2005.

FIX, M. A “Fórmula mágica” da “parceria”: operações urbanas em São Paulo. São Paulo, FAU/USP, 2003. Disponível em: http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/biblioteca/textos/fix_formulamagicaparceria.pdf 1. Acesso em 13 out. 2016.

FOLHA, Editorial. São Paulo, 2016. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/02/1738194-atraso-na-educacao.shtml. Acesso 11 fev. 2016.

FRIEDMAN, M. Capitalismo e liberdade. São Paulo: LTC, 2014.

HARVEY, D. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Editora Annablume, 2006.

HARVEY, D. Cidades Rebeldes. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

HARVEY, D. 17 contradições e o fim do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2016.

HAYEK, F. Os fundamentos da liberdade. São Paulo: Visão, 1983.

HERMANN, J. Auge e Declínio do Modelo de Crescimento com Endividamento: O II PND e a Crise da Dívida Externa (1974-1984). In: GIAMBIAGI, F.; VILLELA, A.; CASTRO, L.; HERMANN, J. (Orgs.). Economia Brasileira Contemporânea. Elsevier, 2011.

HOBSBAWM. E. Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). [S.l., (2016?)]. Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx. Acesso em: 22 nov. 2016.

KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Nova Cultural, 1998.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. São Paulo: Paz e Terra, 1983.

LAPAVITSAS, C. Financialised Capitalism: Crisis and Financial Expropriation. Historical Materialism, v. 17, p. 114-148, 2009.

LAPAVITSAS, C. Theorizing Financialization. Work, Employment and Society, v. 25, n. 4, p. 611-626, 2011.

LAZONICK, W. The Financialization of the US Corporation: What Has Been Lost, and How It Can be Regained. The Academic-Industry Research Network. Working Paper, n. 42307, 2012.

LAZONICK, W.; O'SULLIVAN, M. (2000). Maximizing Shareholder Value: A New Ideology for Corporate Governance. Economy and Society, v. 29, n. 1, p. 13-35, 2000.

LOJKINE, J. O estado capitalista e a questão urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1981.

MANKIW, G. (2011). Macroeconomia. São Paulo: LTC, 2011.

MARX. K. (1968). O capital. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1968. Livro 1, Vol. 1.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultura, 1985.

MYRDAL, G. Contra a Corrente. Rio de Janeiro: Editora Campus Ltda, 1977.

PAULANI, L. Acumulação Sistêmica, Poupança Externa e Rentismo: Observações Sobre o Caso Brasileiro. Estudos Avançados, v. 27, n. 77, p. 237-261, 2013.

PIKETTY, T. Capital in the Twenty-First Century. Cambridge: The Belknap Press of Harvard University Press, 2014.

RESENDE, M. O Padrão dos Ciclos de Crescimento da Economia Brasileira: 1947-2003. Economia e Sociedade, v. 14, n. 1, p. 25-55, 2005.

SOUZA, M. B. Neoliberalização do Estado no Brasil. Revista e-metropolis. n. 21, ano 6.p. 6-20, 2015.

STOCKHAMMER, E. Financialisation and the slowdown of accumulation. Cambridge Journal of Economics, v. 28, n. 5, pp. 719-741, 2004.

SWEEZY, P. Why Stagnation? Monthly Review, p. 69-77, 2004.

TESOURO. [S.l., 2016]. Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/. Acesso em 22 nov. 2016.

VAINER,C. Pátria, Empresa e Mercadoria – Notas Sobre A Estratégia Discursiva Do Planejamento Urbano. In: ARANTES, O; VAINER, C.; MARICATO, E. (Orgs.). A cidade do pensamento único. Petrópolis: Vozes, 2002.

VAN DER ZWAN, N. Making sense of financialization. Socio-economic review, v. 19, p. 99-129, 2014.

Downloads

Publicado

2019-06-28

Como Citar

Reis, A. B. O., & Attílio, L. A. (2019). A FINANCEIRIZAÇÃO DAS CIDADES E A EMENDA CONSTITUCIONAL 95. Cadernos Do CEAS: Revista crítica De Humanidades, (246), 169–195. https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p169-195

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Obs .: Este plugin requer que pelo menos um plugin de estatísticas / relatório esteja ativado. Se seus plugins de estatísticas fornecerem mais de uma métrica, selecione também uma métrica principal na página de configurações do site do administrador e / ou nas páginas de configurações do gerente da revista.