CONFORMISMO E RESISTÊNCIA NAS AÇÕES COLETIVAS DAS OCUPAÇÕES DA CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA (CIC)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.p225-244

Palavras-chave:

Ocupações urbanas, Conformismo, Resistência, Direito à cidade

Resumo

Este artigo discute o tema da informalidade e os agenciamentos na periferia. Seu objetivo é analisar como as práticas e atuação das entidades de apoio, associações locais, e o poder público contribuem para a reprodução da vida e/ou o direito à cidade nas ocupações urbanas do bairro Cidade Industrial de Curitiba. Foram escolhidos dois momentos críticos para análise: a reconstrução após um incêndio e a pandemia de Covid-19. E definiu-se atores chave que atuaram nestes momentos. A reflexão teórica aponta para uma mudança necessária na forma de pensar a periferia, territórios sujeitos a diversos agenciamentos e influências.  Discute como a indeterminação da vida e o direito à cidade se realiza a partir da produção do espaço periférico, nas fronteiras entre o legal e ilegal. Como estudo empírico, foram analisadas as ocupações da CIC a partir das precariedades e de manifestações de resistência. A partir dos relatos são analisados o direito à cidade e os entraves da propriedade da terra, e as insurgências no cotidiano. As ações podem indicar objetivos de transformação social ao mesmo tempo em que a noção dos direitos se esvai. As práticas se estabelecem ao longo do tempo, numa relação ambígua entre conformismo e resistência.

Biografia do Autor

Aline Sanches, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU USP. Mestre em Planejamento e Governança Pública (2021), na linha de pesquisa Planejamento e Políticas Públicas, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, em Curitiba. É graduada em Arquitetura e Urbanismo (2017), pela mesma universidade, com sanduíche na Università RomaTre em Architettura e Urbanística (2014). Trabalhou na Gerência de Programas e Projetos na Prefeitura de Rio Branco do Sul, no desenvolvimento de planos e projeto voltados à habitação popular (2023). Atuou como Coordenadora Voluntária de Desenvolvimento de Habitat em 2018 e Gestão Comunitária em 2019 na Ong TETO. Atualmente pesquisa planejamento popular e conflitual.

Simone Polli, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Doutora em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ/IPPUR (2010); Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ/IPPUR (2006); Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (1997). Professora Adjunta do Curso de Arquitetura e Urbanismo (2011) e do Programa de Pós Graduação em Planejamento e Governança Pública (2014) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Líder do Grupo de Pesquisa Cidades, Planejamento e Gestão. É agente titular da Câmara Técnica de Arquitetura Paisagística do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR) e membro da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).  Participou como sócia da Ambiens Sociedade Cooperativa. Tem 18 anos de experiência com trabalhos técnicos na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase nos seguintes temas: habitação, paisagismo, conflitos, meio ambiente, urbanismo e planejamento urbano.

Carolina Gama, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2015-). Foi voluntária e bolsista da Fundação Araucária em Iniciação Científica no Laboratório de Urbanismo e Paisagismo da UTFPR, vinculado ao grupo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico "Cidades, Planejamento e Gestão", na linha de pesquisa Conflitos Urbanos em Curitiba e Região Metropolitana de Curitiba.

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Publicado

2023-11-29

Como Citar

Sanches, A., Polli, S., & Gama, C. (2023). CONFORMISMO E RESISTÊNCIA NAS AÇÕES COLETIVAS DAS OCUPAÇÕES DA CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA (CIC). Cadernos Do CEAS: Revista crítica De Humanidades, 48(259), 225–244. https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.p225-244

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