A PRINCESA, O BICHO E O DEMÔNIO NEGRO: RAZÃO E COLONIALIDADE NO “PROGRESSO” PARA FEIRA DE SANTANA
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.p334-365Palavras-chave:
lucas da feira, capelão, Progresso, Totalidade Homogeneizante, Desafricanização, ColonialidadeResumo
Neste artigo examinados como ideais, práticas, ações políticas, saberes, violências, dentre outros, foram movimentados por sujeitos em Feira de Santana, constituindo contraposições entre modos de ver e viver negros e os modelos eurocêntricos e estadunidense no esforço de consolidação do “progresso” culminando na planificação totalizante e homogeneizante da cidade após o golpe civil/militar de 1964, com destaque para o governo do prefeito João Durval Carneiro (1967-1971). Empregamos o romance “O bicho que chegou a Feira” de Muniz Sodré para, através do imaginário narrado pelo autor, compreender conflitos sobre os projetos de cidade que estavam em disputa. Para a apreciação da História e Literatura, escrutinamos o romance por meio de amplo acervo de pesquisas de História de Feira de Santana a fim de identificar similaridades. Operacionalizamos alguns conceitos como branquitude, colonialidade, racismo estrutural, poder simbólico, dispositivo racial e outros, para problematizar e interpretar os longos processos de luta pela desafricanização da cidade acionado no constante conflito pelo controle do imaginário sobre Lucas da Feira e a negritude. Ao fim, concluímos e corroboramos que Muniz Sodré interpretou alegoricamente acontecimentos factuais compreendendo que Lucas era o mal negro a ser mitigado em oposição ao progresso, ciência, civilização e outros, representado por um Capelão Militar, O Bicho, com ações repressoras vinculado ao regime civil/militar e a antigos profissionais políticos conservadores, velhos mandões.
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